ADCC Hall da Fama: O imbatível Ricardo Arona
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Dentre todos os atletas que conquistaram a medalha de ouro no ADCC em seus quase trinta anos de existência, poucos impressionaram tanto quanto o lendário Ricardo Arona. Faixa-preta de Niterói conhecido como "Tigre" por conta de suas tatuagens, Arona tem um recorde impecável na organização, passando por competidores perigosos e conquistando quatro títulos sem sofrer derrotas ou até mesmo ceder pontos para seus adversários.
A primeira participação de Arona foi no ADCC 2000, em Abu Dhabi. Classificado para o evento após sair vitorioso na seletiva interna da Carlson Gracie, com direito a vitória sobre Amaury Bitetti, e nas qualificatórias oficiais da organização, o Tigre ingressou na chave até 99kg do torneio e abriu superando Hiromitsu Kanehara com pontuação plástica de 16 a 0. Na íntegra, Arona usou seu jogo de quedas para passar pelo então campeão da divisão Kareem Barakalaev e pelo astro do UFC Tito Ortiz. Na final, o brasileiro ficou cara-a-cara com Jeff Monson, derrubando duas vezes, evitando as investidas e por fim derrotando o americano por 0 a 1 nas punições devido a uma fuga antidesportiva por parte do americano.
No ano seguinte, Arona voltou a ficar com o topo do pódio na divisão até 99kg. Abrindo sua campanha com vitória sobre Ruslan Mashurenko nas oitavas, o Tigre mostrou suas garras no tatame e superou também Renato "Babalu" Sobral e John-Olav Einemo para chegar até a finalíssima contra Ricardo "Cachorrão" Almeida, usando as mãos para evitar uma queda brutal e trazendo perigo com as tentativas de passagem de guarda para levar o ouro. Depois, no absoluto, Arona derrotou Saulo Ribeiro e Vitor Belfort antes de encarar Jean Jacques Machado na disputa pelo título, usando sua pressão para rechaçar uma chave de omoplata e passar a guarda para garantir o duplo ouro com placar de 3 a 0.
Com títulos conquistados no peso e absoluto, Arona voltou à organização uma última vez, dessa vez para conquistar o ouro na superluta do ADCC 2003. Realizado pela primeira vez fora de Abu Dhabi, o evento tomou conta do Ginásio Ibirapuera em São Paulo e colocou o Tigre em rota de colisão com outro nome que viria a ser induzido ao Hall da Fama do ADCC: Mark Kerr. Com quatro ouros conquistados na organização e vindo de vitória sobre Mario Sperry na superluta do ADCC 2001, Kerr chegou em solo brasileiro preparado para acrescentar mais uma conquista ao seu currículo, mas Arona rapidamente mostrou que seria um problema para o americano ao conseguir uma boa queda logo no início do confronto. Passados os vinte minutos previstos para o duelo sem finalizações, a luta foi para a prorrogação e o brasileiro, que se mostrava com disposição inabalável, conseguiu fazer o lance decisivo da partida, mergulhando nas pernas de Kerr e derrubando-o no lado oposto do tatame com a guarda já passada para abrir o placar com 4 a 0 e fechar com chave de ouro sua história no Abu Dhabi Combat Club.