ADCC Rivalidades: Rafa Mendes x Cobrinha
Com quase trinta anos desde sua concepção, o ADCC se consolidou como palco de embates inesquecíveis em diferentes cantos do planeta, promovendo grandes torneios entre alguns dos maiores nomes que já atuaram no cenário internacional do grappling e ajudando a definir quem são os melhores competidores já vistos no esporte. Mas além das conquistas individuais, alguns atletas se destacaram também por protagonizar rivalidades marcantes no campo de batalha do Abu Dhabi Combat Club ao longo dos anos, como é o caso de Rafa Mendes e Rubens Charles "Cobrinha".
O primeiro capítulo dessa disputa se deu na cidade espanhola de Barcelona, com os atletas se encontrando na final da divisão até 66kg do ADCC 2009. De um lado, o então tetracampeão Mundial Cobrinha ingressou na competição após mais uma conquista de título e confirmou seu favoritismo ao superar três adversários no caminho para a finalíssima, com direito a vitória por finalização sobre Rani Yahya na semifinal. Do outro lado, um jovem Rafa Mendes avançava na chave também com três vitórias, passando por Leozinho Vieira para garantir sua vaga na luta pelo ouro.
A final foi equilibrada do início ao fim, com Cobrinha fazendo boas quedas e Rafa dando botes perigosos no pescoço e no pé. O momento determinante se deu nos momentos finais do duelo, com Rafa aproveitando um ataque de Cobrinha no pé para escorregar para as costas, segurando a posição até o fim da luta para firmar o placar de 7 a 4. Rafa Mendes entrou para a história como um dos campeões mais jovens da organização, até então, aos 19 anos de idade.
Dois anos depois, os atletas voltaram a disputar a final da categoria, dessa vez colocando suas valências à prova nos tatames do ADCC 2011, realizado na cidade inglesa de Nottingham. Rafa chegou na final com propriedade, vencendo Bruno Frazatto nos pontos, finalizando Justin Rader com um mata-leão e usando uma passagem de guarda para tomar a dianteira no placar e superar Robson Moura na semifinal. Por sua vez, Cobrinha também fez campanha impressionante, abrindo a chave com um justo triângulo em David Marinakis para em seguida derrotar o veterano Baret Yoshida nos pontos e depois estrangular Jeff Glover antes de encarar seu rival.
Valendo o título da divisão, os atletas abriram o confronto com um batalha intensa em pé recheada de disputa de pegadas e tentativas de queda. Na marca dos oitos minutos, no entanto, Rafa entrou no single-leg e Cobrinha já desceu na guarda, com os árbitros interpretando a movimentação como puxada de guarda e dando um ponto negativo para o astro da Alliance. Com desempenho muito equilibrado no restante da luta e muitos botes de finalização rechaçados, a punição acabou se tornando o fator decisivo para a vitória de Rafa Mendes, que não demorou para celebrar seu bicampeonato na organização junto a sua equipe e aos fãs na arena.
Rafa Mendes e Rubens Cobrinha fecharam a trilogia no ADCC 2013, se encontrando novamente na final da divisão até 66kg em Pequim, na China. De um lado, Rafa passou por Yoshioka Takahito, Tetsu Suzuki e João Miyao no caminho até a final, enquanto Cobrinha superou Darson Hemmings, Marcio André e Justin Rader para garantir a revanche.
O confronto final dos atletas começou de forma similar ao anterior, com disputa em pé marcada por troca intensa de pegadas e tentativas de queda. No entanto, o duelo passou a se desenrolar de forma diferente quando Cobrinha tomou a iniciativa e executou uma queda que resultou em ambos saindo da área de luta, não recebendo pontos mas fazendo o primeiro lance marcante de uma disputa que se manteve equilibrada ao longo de 40 longos minutos. No fim das contas, Cobrinha saiu vitorioso na decisão dos jurados e conquistou sua primeira medalha de ouro no ADCC.
Em 2022, ambos os competidores foram introduzidos ao Hall da Fama do ADCC. Hoje liderando a Art of Jiu-Jitsu com seu irmão Guilherme, Rafa Mendes ingressou no grupo por seus desempenhos memoráveis e os títulos conquistados em 2009 e 2011. Já Rubens Cobrinha, atualmente guiando seu filho Kennedy Maciel nas competições, foi indicado não só por faturar o ouro três vezes consecutivas entre 2013 a 2017 mas também por fechar seu último ano na organização como o primeiro atleta a conquistar o "Super Grand Slam", ficando com o topo do pódio nas disputas principais da IBJJF antes de liderar sua categoria no Abu Dhabi Combat Club.
